A famigerada dona Disney está sacrificando seus clássicos pra embolsar a sua grana!? Nessa nova empreitada que mistura um hiper-realismo com a rigidez e falta de expressão, sem o antropoformismo existente no clássico de 1994, o estúdio e a produtora apostaram no que há de mais avançado em CGI (computação gráfica de imagens) pra requentar uma das mais extraordinárias fábulas da animação moderna, O Rei Leão, com a direção assinada por Jon Favreau (Mogli 2016 e Homem de Ferro 2008) o resultado é um animação computadorizada que prima pelo realismo e abandona o fabulesco e a magia das emoções.
Sim eu fui assistir o remake de O Rei Leão, por uma afinidade singela com o desenho de 94, uma história simples, objetiva que encantou e emocionou pessoas no mundo todo (inclusive eu) e tentei me esquivar o máximo da aura histérica que se formou nesse filme, alguns amando e outros detestando, então nada mais a fazer senão conferir de perto essa treta toda. Confesso que o resultado final, o apanhado geral me deixou triste, decepcionado, porque pela primeira vez eu experimentei uma sensação egoísta e insensata, de um estúdio que simplesmente ignora as referências do fabuloso, da fantasia e do encanto das cores, dos sons, das expressões e do sentimento que os personagens de desenhos nos trazem.
A primeira impressão que me chega, é a ideia de mostrar o quanto os estúdios Disney são ricos e abastados, ou seja, traremos a maior e mais espetacular experiência em animação gráfica já feita em um filme de animação (sim, porque temos grana e nós podemos) esteticamente impecável sem dúvidas, por vezes a impressão é que estamos vendo um documentário da vida selvagem (Discovery/Animal Planet) Mas com um pequeno detalhe aqui os animais falam, e é justamente esse contraponto que mais incomoda no filme, as falas e gestos não passam emoção, não transmitem sentimento, e o pecado maior é que 90% das cenas são recortes fiéis a animação do original, mas no clássico havia as mudanças na expressão, nos gestos, sorrisos, lágrimas. E é aqui que esbarramos na conflituosa decisão de direção e produção, recontar uma história com uma carga emocional tremenda, usando animais esteticamente perfeitos que apenas movimentam a boca e não transmitem nenhuma emoção.
Não fosse pela maravilhosa trilha do nosso queridíssimo Hans Zimmer (que nunca decepciona) e pelas músicas que emocionam muito mais pelas melodias e pelas letras, do que pela interação com as cenas, esse com certeza seria uma das piores e mais melancólicas historias re-contadas da Disney. Ponto para dublagem original que consegue trazer um alivio cômico com os queridíssimos Timão (Billy Eichner) e Pumba (Seth Rogen). E alguns que apesar do peso e da importância não conseguiram emocionar, a expectativa em ouvir novamente a voz do grande James Earl Jones como Mufasa é uma daquelas experiências que não funcionam simplesmente pela falta de peso e sentimento que o personagem (animal) não esboça e nem exprime, porque como eu já pontuei aqui, animais de “verdade” não falam.
Provavelmente as novas gerações não vão se ater aos detalhes e nuances da narrativa do filme O Rei Leão, em uma geração que cada vez mais preza pela aparência do que pela essência, esse filme é um retrato fiel do esvaziamento das emoções, e da capacidade de se encantar com uma fábula ou um conto infantil, a glamorização e o perfeccionismo do que é simples e belo em sua base, está matando o imaginário, lúdico e o fabuloso, e o resultado são produções artificialmente vazias, sem alma, é o tipo de filme que vai piorar com o tempo, pois daqui a algum tempo mais pessoas irão perceber que não é um grande orçamento e nem cifras milionárias que fazem um filme nos emocionar de verdade.
Por Ricardo França
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